sábado, 2 de agosto de 2008

ENIGMAS " O outro"

"E investiu contra o primeiro moinho que se lhe deparou; Cravando-lhe a lança na asa..." - Miguel Cervantes, "O engenhoso fidalgo Dom Quixote de la Mancha", Livro I - Capítulo 8; Ilustração por Gustavo Doré

I- " ELE"


Seu olhar vê em mim os gigantes que carregas em ti,
Fazendo-me multiplicar como uma explosão celular.
Entras e abres facilmente as portas dos meus labirintos,
Que só abrem para as suas mãos e seu corpo poderem entrar.


Nisso me libertas de laços que fiz para me prender.
E cresço contigo, vôo em suas asas de falcão,
Em territórios que jamais sonhei estar.


Ave, que de longe vê tanto,e o alvo sabe acertar
Inspira-me!
Preenchas o que falta em mim
Deixa que um ser da terra e do mar,
Sintas e voe no seu ar!


Empresta-me seu ardil, sua força, sua magnitude
Seja meu guia neste vôo e minhas asas,
Amo-te!


II - "A Senhora"


Que sincronia nos uniu neste momento?
Porque justamente agora percorres o meu caminho?
Porque olho você e vejo um momento sagrado em minha vida?
Porque vejo em você coisas que procuro em mim?
Que escolhas ou desejos inconscientes
trazemos em nós que nos empurra na direção um do outro?


Tenho medo de encontrar respostas a todos enigmas...
porque não posso simplesmente viver esse amor?
Eu que sempre procurei respostas pra tudo
hoje quero apenas esquecer, e viver como uma pipa solta no seu ar.


Se olho para a senhora realidade,
ela com a carranca feia de sempre me diz,
que o tempo, a distância, as diferenças e até as semelhanças,
torna o impossível a única coisa razoável a ser feita.
Mas eu brigo com ela numa luta bem feia,
me machuco, tanto, pois suas armas me ferem a cada golpe,
e eu nem chego a tocar nela
com sopro de vida que exalo do meu coração palpitante.
Ela nem se toca,nem se abala
e me olha com um olhar que mostra ser toda inútil a minha luta.


Senhora, que quebra todas as armas que possuo e fere meu coração
eu irei morrer lutando, não importa se sabemos que perderei,
Não importa!
É que pequenos sonhos que fazem respirar,
me fazem suspirar e aliviar cada ferida que a senhora me impõe!


E mesmo eu tão pequena e a senhora tão grande,
Serei sempre um enigma para você!
Porque luto inutilmente e ainda trago em meu rosto momentos de prazer?


Porque senhora, sou devota de outro Deus, muito mais poderoso,
onde só uma gota dele faz crescer mundos em questões de segundos!
E onde você só destroí, ele constroí
onde você abala, ele ressuscita
onde você empurra, ele dá asas!


É o DESEJO, senhora dona necessidade,
A quem eu sempre amarei dionisiacamente,
num frenesi que te deixará tonta de raiva e fará sua lança atravessar meu coração,
impiedosamente!
E daí?
E daí?
E daí?
Mesmo após minha morte eu irei rir de você,
Pois eu te entendo senhora, e para você,
sempre serei um enigma!





domingo, 27 de julho de 2008

ENCONTRO



Moro numa floresta de pedras,
e som que ouço não é o o da mata e seus mistérios,
mas o som do asfalto com seus carros a rodar.
Modernidade!
Maldita!
Preferia ,sim, escutar o som da madeira a queimar num velho fogão de lenha...
O som dos meus pés no fundo do quintal entre as folhas secas do chão,
O gosto inesquecível, do café e do queijo curado,acompanhado de uma broa de fuba..


Saudade do pouco que tive dessa vida do interior,
Simples e suspensa no tempo,
Eternamente a brincar nas minhas fantasias de criança.
Choro com saudade de não ser mais criança,
e não poder ter em minhas lembranças,
o que daria uma vontade danada de voltar....


E dai sigo em frente,
como toda a gente que vive nas cidades,
e não pode parar pra sonhar, pra chorar, pra rir ou simplesmente não fazer nada!
Devem sempre estar fazendo alguma coisa,
Pois no fundo, nada há. Já não sabem ser, sabem apenas fazer ou ter.


É que as melhores e definitivas coisas da vida é necessário saber ser,
estar profundamente ciente, ao ponto de simplesmente se esquecer do que se é,
e ser , naturalmente,
espontaneamente,
como convém ao beija flor que beije as flores
ou a mim que te ame tanto
que me esqueço em ti, quando adormeço e sonho contigo,
numa eterna onda do que vem de ti e acaba vivendo em mim.


Sim,adormeço, e naturalmente esqueço de mim,
E me encontro quando olho-me em seu olhar que me sabe e me conhece.
Advinha ou reconhece como coisa antiga, o que encontra em mim,
como coisa sua,
pra sempre sua...
E é assim que sinto quando suas mãos passeiam sobre mim
e conectam com chão profundo do meu corpo, despertando aqueles que lá vivem
aqueles seres do meu mundo abissal,
que despontam e moram em mim em todas as vidas que já tive.
Eu caminho ao seu encontro, mesmo que isso seja, na verdade, um confronto,
com o que há em mim.

sábado, 26 de julho de 2008

ESTRELAS

Ao mestre, Fernando Pessoa, com carinho, por outro grande mestre, Paulo Autran, e essa eterna aprendiz:


Tenho dó das estrelas
Luzindo há tanto tempo,
Há tanto tempo.
Tenho dó delas.
Não haverá um cansaço
Das coisas,
De todas as coisas
Como das pernas ou de um braço?
Um cansaço de existir,
De ser,
Só de ser,
O ser triste brilhar ou sorrir.
Não haverá, enfim,
Para as coisas que são,
Não a morte, mas sim
Uma outra espécie de fim,
Ou uma grande razão -
Qualquer coisa assim
Como um perdão?

Fernando Pessoa



quarta-feira, 23 de julho de 2008

MARINHEIRO

Sonha saudosamente um marinheiro quando esta em alto mar,
com beijos que sua amada lhe deu ao sair para navegar.
Beijos cheios de ardor e medo,
de não mais vê-lo chegar.


Mas ele segue em frente,
pois o gosto da aventura é mais forte que o desejo de só amar,
aquele corpo e aquela alma, daquela dama,
que seu coração vive a clamar!


E ele sai a zarpar e a suspirar...
Galopa em seu navio,
a singrar nas águas do mar.
E sabe que não vai voltar,
pois o que ele quer,
é encontrar-se em solidão em alto mar!


Como as nuvens passageiras que seguem sua solidão,
ele reconhece que são tantos os enganos dessa vida,
que é melhor deixá-la á beira mar.
A esquecer um sonho impossível,
a se desfazer o invisível,
que parecia antes mais real,
do que o gosto salgado das águas do mar.


E mesmo com coração a chorar,
ele sabe que é melhor deixar,
tudo pra trás e zarpar,
e ser feliz em outro lugar,
do que vê-la esperar tudo,
que ele jamais poderá lhe dar.

terça-feira, 22 de julho de 2008

GREGORY "Narciso"

Hoje só há tristeza,
Calma e plácida sobre mim...
Como um lago que olho fixamente,
Como narciso se espelha num lago!


Só vejo uma tristeza imensa a me consumir,dia e noite!
E nem sua beleza me acende,
E nem seu entusiasmo me anima.


Apenas tenho vontade de mergulhar fundo neste lago,
Me emaranhar em plantas aquáticas,
Ter meus últimos pensamentos,
Ter meus últimos sentimentos,
E ser enfim, um corpo morto,
Sem vida,
Roxo!
Triste figura...


Enfim encontrar a tão desejada morte,
Por quem a tanto tempo chamo e grito,
E a quem não tive coragem de amá-la o suficiente,
Para abraçá-la com ardor,
Numa paixão fria,
E sem vida.






segunda-feira, 14 de julho de 2008

CANTO DELLA TERRA (MAIS QUE PERFEITO!)



Andrea Bocelli

Composição: Francesco Sartori / Lucio Quarantotto

Si lo so
Amore che io e te
Forse stiamo insieme
Solo qualche istante
Zitti stiamo
Ad ascoltare
Il cielo
Alla finestra
Questo mondo che
Si sveglia e la notte è
Già così lontana
Già lontana


Guarda questa terra che
Che gira insieme a noi
Anche quando è buio
Guarda questa terra che
Che gira anche per noi
A dorci un po'di sole, sole, sole


My love che sei l'amore mio
Sento la tua voce e ascolto il mare
Sembra davvero il tuo respiro
L'amore che mi dai
Questo amore che
Sta lì nascosto
In mezzo alle sue onde
A tutte le sue onde
Come una barca che


Guarda questa terra che
Che gira insieme a noi
Anche quando è buio
Guarda questa terra che
Che gira anche per noi
A dorci un po'di sole, sole, sole
Sole, sole, sole


Guarda questa terra che
Che gira insieme a noi
A darci un po'di sole
Mighty sun
Mighty sun
Mighty sun


Canto Della Terra (tradução)

Andrea Bocelli

Composição: F. Sartori / L. Quarantotto

Sim eu sei
amor que eu e você
talvez estamos juntos
somente por algum instante.
Mudos estamos
a escutar
o céu
da janela,
este mundo que
se desperta e a noite é
já assim distante,
já distante.
Olha esta terra que
que gira junto a nós
até quando está escuro.
Olha esta terra que
que gira também para nós
para nos dar um pouco de sol, sol, sol.


My love que és o meu amor
ouço a tua voz e escuto o mar,
parece deveras seu respiro,
o amor que você me dá
este amor que
está aí escondido
no meio das suas ondas
de todas as suas ondas
como uma barca que
olha esta terra que
que gira junto a nós
até quando está escuro.
Olha esta terra que
que gira também para nós
para nos dar um pouco de sol.
Sol!


Olha esta terra que
que gira junto a nós
para nos dar um pouco de sol.
Mighty sun
Mighty sun




sábado, 12 de julho de 2008

GREGORY E SEUS GRITOS INFERNAIS


Vivia entre livros mofados. entre mortiços e mofados pensamentos de antigos pensadores.
Não os renovava em sua cabeça,mas deixava que comessem seu cérebro como traças comem pensamentos em papéis deliciosos..., papéis para traças, deliciosas células nervosas para traças internas.

Era bárbaro! Incrível! Sinistro!

Um bárbaro de pensamentos mais que primitivos,mais que animalescos,mais que que monstruosos.
Pensamentos que nem o tempo destruiriam, e,afinal, arruinariam para sempre sua cabeça!
Sua mente que contia pensamentos geniais, maravilhosos,
que viam as estrelas em espaços mais distantes,
viam cosmos e naturezas perfeitas,
viam o dedo de Deus criando o universo cósmico.
Que seriam capazes de se tornarem a alma de Fernando Pessoa,
ao alma nos sons perfeitos dos violinos de Vivaldi,
a alma da visão de Deus em Handel,
visualizar o deslumbramento diante da perfeição nos campos pintados por Van Gogh.


E, de repente, simples besouros o arrastavam para o mais profundo de suas cavernas infernais,
cavernas de estalactites gigantescas, das eras geológicas,
cavernas do centro do infernos bacanais e devoradores,
onde se auto-flagelava,
até o sangue ser a menor dor,
e os gritos alucinantes da ponte de Munch serem seu espelho.

Mas quanta sensibilidade inútil!
Quanta viagem ao centro da alma, sem criação, sem arte!
Apenas êxtase interno momentâneo,
e na maioria das vezes,
a versão do inferno,
o poço sem fundo e sem garras para subir da escuridão total,
o medo dilacerante,
O TIRO NA CABEÇA!




quinta-feira, 26 de junho de 2008

SACRÍFICIO



Dento de mim, habita um mar profundo!

E o sonho que trago na mente,

Está tão longe ,que não alcanço com meu voo.



Procuro um homem perdido...

Forte o bastante pra já ter procurado sentido em muitos,muitos caminhos,

E esteja desesperado,

preso ao nada!

Preso a uma dor e a uma desesperança!



E que ao me ver,

Nas minhas palavras poéticas,

Na única linguagem metafórica que consegue expressar

um pouco da águas turbulentas que correm debaixo de mim,

debaixo das minhas profundidades marítimas,

Fique perplexo!

Diante da minha imensidão!

Mas que seja o bastante determinado para desejá-la até o fim,´

Pois ela representará toda a luz que ele procurava.

E mesmo sem compreender mesmo o significado complexo da profundezas da minha alma,

Sinta o imenso desejo do que esta por trás delas,

Sinta a imensa dor que também o habita,

E,nisto, se identifique comigo,

Que na dor haja nossa identificação,

E a luz que trago,seja o sangue do santo graal que procurava.



E que me tome em seus braços,

Determinado a tudo para me salvar dessa prisão eterna que me encontro.

Por isso o quero forte e rude,

Quero que me ame com sua rudez e sua fúria,

Como um gladiador que mata para sobreviver numa arena romana.

Quero um homem de ação e reação automática,

Capaz de matar o que for necessário,

Ou de fugir estrategicamente.


Quero ser raptada,

Com meu consentimento,

Pois acima de tudo, respeita minha forte personalidade,

E admira o sentido que dou a sua alma,

E com quem já não consegue sobreviver,

Como se eu fosse a encarnação perfeita dela!

E os músculos de sua alma,

sejam vitoriosos diante de meus inimigos.



Quero sua força, sua coragem ,e lhe entrego minha doce imaginação,

minha arte,minha alma profunda,que lhe trará sentindo e significado,

minha delicadeza no olhar com que vejo o mundo.





terça-feira, 24 de junho de 2008

LUZINHAS DE VAGALUME



Dentro de seus labirintos imaginas, o mito de um eterno retorno.
Um novo recomeço humano em galápagos,
E fazes a mesma viagem as origens como Darwin,
Só que agora sonhas não em ver o passado,
Mas com o futuro montado em seu cavalo marinho.


Jovem Ulisses que sonha com viagens espaciais,
No velho sonho humano de voar entre estrelas,
Quantos perigos terás que vencer,
para derrotar,
A invejas dos deuses que te querem ver preso ao subsolo de seus medos?


Não pode deixar que Circe, a feiticeira,de prenda em uma ilha,
E classifique todos seus amigos como porcos,
E te prenda as armadilhas de suas maldições!


Seus sonhos são como os pássaros,
E estão ali pra te fazer voar,
Para que crie penas,
Para que use todas as suas estratégias criando planos e aeroplanos!


Quero te ver voar!
E perceber que o mundo em que vives agora,
È como uma caixa de sapato,
Para seus pés de gigante,
Para suas enormes assas de falcão.


E não há como poda-las mais!
As tesouras já não dão conta de podar assas tão cheias de fibras!


Meu herói do espaço sideral,
Acredito em todos os ardis que farás para atravessar o futuro,
Acredito em todas as manobras,
Acredito em todas as estratégias.
E só quero poder ler depois o relato de suas aventuras,
Em paginas coloridas escritas com letras,
Que seriam como chaves para um novo mundo.


E nessa sua odisseia espacial,
Tenha sempre como bandeira a tremular,
E a indicar o caminho,
A sua fé em você,
A sua inabalável e poderosa capacidade de vencer obstáculos.
Pois somente Ulisses voltou da guerra!
E sei que somente suas escolhas,
Farão você saber traçar o caminho que deves se aventurar,
Meu explorador das estrelas!










sexta-feira, 20 de junho de 2008

SÚCUBO



Não sabes amor, a loucura que me cerca,

O pântano triste em que me movo.

Não sabes como serei arisco em te deixar,

Como um fogo fátuo que jamais pegará em seus braços,

Uma fadinha a tilintar em seus ouvidos sininhos de alegria,

Num bosque de noites de verão.



Sumirei entre nuvens, entre brumas,

Como uma miragem do deserto de nossas solidões,

Como um chuva de prata de uma Deus sobre você.

Serei apenas uma doce brisa a beira-mar,

Sonhando delirantemente em te amar.



Nada mais te entregarei senão sonhos!

Nada mais serei senão perfeição!

Nada mais alcançarei senão teus ouvidos,

Nada mais existirá senão minhas belas e doces palavras.



E cantarás odes a esse Deus como já fazes,

Esse Deus que só existe em seu bondoso coração,

Esse coração poético e jovem,

A quem não tenho direito de iludir muito tempo,

Somente o suficiente pra te dar alegrias e nada mais.



Vampirizo-te!

Amparo-me em ti sem ter esse direito.

E roubo seu coração da tua inocência,

Porque sofro com meus demônios,

Demônios que jamais me querem feliz.


A única coisa que quero realmente,

que um imenso mar me leve,

Me leve para seu fundo,

Escuro negro,

Onde eu nada possa sentir ou desejar,

E nem sei se afinal terei um último momento de paz,

Mas sei que tudo chegará ao fim, finalmente,

E não vou nem mais sorrir ou chorar.





quarta-feira, 18 de junho de 2008

A NOIVA



Não há estrelas em meu teto,

Meus sonhos estão tão longe de mim!

E meus olhos cegos,

enxergam em mim o infinito.



O velho cego vê a idade da terra,

Passam-se eras geológicas, surge a vida,

Os homens e suas batalhas travadas através de séculos.

Ele vê impérios caindo,

impérios surgindo,

escravidão,

intolerância,

preconceito,

racismo,

desnutrição,

loucura...

As coisas irem e virem,

sempre neste movimento,

sem interrupção.



A consciência pesa em suas costas,

e o curva mais que os anos que tem.

O que ele pode fazer, um velho, tendo tanta consciência?



Ele anda com sua bengala, sobe morros de pedregulhos,

anda estradas até sua casa,

senta-se em sua cadeira como de costume.

Deixa a porta aberta,

e espera em silêncio,

aquela noiva que lhe trará sua eternidade.




O BAILE DE MÁSCARAS



LEIA ESSE POEMA DE UM JOVEM POETA


Em um imenso baile de máscaras
todos são convidados a dançarem
a rirem, a compartilharem
suas fantasias belas e caras.


A cada noite passada
novas máscaras a aparecer
novos convidados na jogada
ou troca de roupa, quem vai saber ?


Nesta profusão de disfarces
Eis que um excêntrico bufão
numa delicada máscara encontra charmes
cujas faíscas reacendem o fogo de sua paixão.


Perdido em suas fantasias
decide cometer grande gafe
e imerso em nostalgia
De seu rosto arranca o disfarce.


Qual não foi sua surpresa
quando nos olhos da máscara amada
não vê alguma beleza
tristeza, apatia... não vê nada


Vinda de algum beco doente
uma nova máscara ocupa seu lugar
afastando eficientemente
àquela a quem ele quis se revelar


A máscara perdida
à uma outra se aproxima
feita sob medida
dos moldes de sua sina


Pintado com coloridos óleos
o cartaz da festa lido ele não havia
”o essencial é invisível aos olhos”
era o que a faixa amarela dizia.






terça-feira, 17 de junho de 2008

GREGORY (às voltas com sua loucura)



POEMAS DE MORTE



Quero morrer da minha mais doce loucura,

Na minha mais doce loucura...

Totalmente perdido na minha loucura!

Tão humana, tão inofensiva,

Tão inocente e apenas cruel comigo mesmo.



Quero morrer na minha maior alegria,

No prazer mais absoluto e pleno,

No gozo mais intenso e prolongado.



Quero e entrego totalmente a minha insanidade.

E dela somente espero tudo!

Todos os meus desejos concretizados.

E com ela chegarei ao nada mais profundo,

Ao esquecimento no mar das horas,

No tempo perdido,

No espaço não conquistado.



E nele me sentir a mais linda criatura!



Quero morrer da minha loucura,

Que faz com que você me ame e me idolatre com flores,

E que pra mim que nada posso ter,

Quero ao menos sonhar com que sei ser impossível,

Mas que por instante acredito inteiramente que sejam reais!



Enquanto te iludo, iludo mais a mim mesmo,

E sei que quem mais irá sofrer sou eu,

Nesta espera inútil e nesta entrega sem nenhum ganho.



E minha dívida comigo mesmo, cresce!

E não vou pagar em prestações,

E levar e carregar todo o peso que tenho carregado,

Como uma escravo que carrega pedras por toda vida,

E que conta com céu após morte.

Não!

Prefiro ir além de todos os limites,

E receber a pena de morte para pagar minhas culpas,

Prefiro ser um fantasma do mar!

Prefiro ser um fantasma do amar!

Por toda a eternidade,

Do que ser um fantasma num corpo vivo.




segunda-feira, 16 de junho de 2008

PERFEITO!


CON TE PARTIRÒ


Quando sono solo
Sogno all'orizzonte
E mancan le parole,
Sì lo so che non c'è luce
In una stanza quando manca il sole,
Se non ci sei tu con me.


Su le finestre
Mostra a tutti il mio cuore
Lhe hai acceso,
Chiudi dentro me
La luce che
hai incontrato per strada.


Con te partirò.
Paesi che non ho mai
Veduto e vissuto con te,
Adesso sì li vivrò.


Con te partirò
Su navi per mari
Che, io lo so,
No, no, non esistono più,
Con te io li rivivrò.


Quando sei lontana
Sogno all'orizzonte
E mancan le parole
E io sì lo so
Che sei con me, con me.


Tu mia luna tu sei qui con me,
Mio sole tu sei qui con me,
Con me, con me.


Con te partirò.
Paesi che non ho mai
Veduto e vissuto con te,
Adesso sì le vivrò.


Con te partirò
Su navi per mari
Che, io lo so,
No, no, non esistono più,
Con te io li rivivrò.


Con te partirò
Su navi per mari
Che, io lo so,
No, no, non esistono più,
Con te io li rivivrò.
Con te partirò.


INSTRUMENTAL


Lo con te.


domingo, 15 de junho de 2008

GREGORY



Adormeceu entre as pragas que lhe cercavam. Como em todas as noites, dormia sem sossego, sobressaltado à noite por mãos, espíritos que o perseguiam, e dizia que queria sua luz. Quando criança ardia em febre de medo, e corria para a mãe, que nunca lhe disse que o amava.


Nem mesmo quando uma paixão fugaz e terna batia sua porta, esses espíritos o deixavam em paz, e dizia que estavam querendo sugá-lo, pois sempre montavam à sua espreita, como se fossem ladrões de sua alma.


E ele acordava aos gritos, atormentado, como se uma metamorfose se processasse em seu corpo, deixando-o, exposto a todas as dores, em pele, em casca de insetos bezourentos, que zuniam sons mórbidos, sons da morte.


Não tinha envergadura, não tinha espinha dorsal, parecia estar em um colapso da alma. Não tinha aquilo que mantêm um homem em pé, quando vem o vento forte, já que qualquer brisa lhe derrubaria.


Não havia quem não percebesse sua loucura de longe, pois o rótulo lhe figurava no rosto: “Louco,indefeso”. Era uma figura magra, nada viril, quase anorexo, que se alimentava mal, para não dar asas aos seus prazeres. Rezava o tempo todo, não como um católico, mas um amante de paganismos, seitas xamânicas, e via sinais em todos os lugares, até mesmo num simples relato do clima.


No entanto, apesar dessa aparência frágil, causava nas pessoas uma compaixão sem tamanho, pois transpirava ternura. Que estranho contraste! Aquele inferno dantesco da alma, e seu olhar terno, como de uma criança,como se ainda não tivesse amadurecido, como se vivesse na tenra infância de sonhos.





Museu de imagens do Inconsciente

sábado, 14 de junho de 2008

DESMEDIDAS






Eu sempre fui um ser feita para amar.

Tudo me comove intensamente!

Até que me tornei mulher,

E vieram os homens.


E como poeta que sou,

Amor,

Meio louca, meio infantil, veraz, voraz,

Desperto tua paixão secreta.

E enfim posso declarar que nosso delírio é uma bruma discreta,

E você pastor do meu próprio ar.


E esse amor que sinto sem tino e vasto,

Não consigo conter em mim e solto a minha cadela e te atiço,

Solto em minha boca esse amor que se alastra ,

E corre seu peito e suas coxas,

E te deixa como um lobo em coração acelerado.


Muitas vezes encho teus olhos de luz e sou sua bailarina,

Que rodopia o salão de encantamento,

De lusco-fusco,sou uma lamparina,

Da química que nos une, sou um nobre elemento.

E um tango que toca na orquestra,

Me faz prender-me em teus braços ternos e apaixonados.


ROSÁCEO



E por quem sinto tamanho desejo?

E quem é esse que me atiça o fogo com palavras,

E por quem deliro?

Quais mãos invisíveis tocam meu corpo,

Acaricia meu sexo e goza comigo,

E depois se vai como um sopro?

Quem esta por trás desde sonho?

Quem será?


Será um fauno em doce flauta mágica, a me enfeitiçar?

Essa ninfa que foge dele assustada!

Será um feiticeiro manipulando sortilégios?

Será um meigo e doce poeta que me conquista, aos poucos,

E que me quer só sua, só sua!


Essa menina assustada que desperta em mim

Assustada com as emoções que me provoca

Conquiste-a!

Com delicadas e suaves mãos

Essa menina que sente o coração pular do peito quando te ouve

Que tenta se esconder envergonhada em ver revelada suas emoções

Que não consegue esconder....


Conquiste-a!

E terás em suas mãos a mulher

A mulher

Que te deseja

Que ama sem pudor

Que goza e goza muitas vezes, sem medo!

Que te lambe inteiro

Suas pernas, te arranha,

Que te consome inteiramente

E te deixa arrasado!

Extasiado!

Exausto!

Satisfeito!

Adormecido em prados floridos e perfumados!


Venha meu amor,

Peque essa menina pela mão

E terás uma mulher dançando em seu sexo

Antes vibrando em minhas mãos

Ou escorrendo em minha boca

Com luxuria e em tom vermelho rubro

Sangue,

Uma mulher,tua amante!

Uma mulher desejo

Com ligas, corpetes, desenhos pelo corpo

Como uma vadia a te serpentear

Bata-me!

Trata-me como uma cadela!

Disposta a tudo!

E lhe regala com todas as suas fantasias

Louca, insana,disposta a tudo,

Inconseqüente, mas sem frivolidades,

Pois te deseja só a ti intensamente,

E sente seu corpo vibrar nos tons de sua respiração,

No instante exato em o gozo vai chegando em ti

E que em mim se derrama também!

Pois nada me deixa mais excitada

Que ouvir e sentir seu gozo em mim!


Aperta-me!

Faça tudo que lhe peço

Segura-me e abraça-me no instante em que subo em você

E dance comigo,

Soe comigo,

Arranhe minhas costas,

Sorva-me!

Beba todo o vinho e veneno rubro que lhe dou

Em taças vermelhas

Como aquela que te ofereci muitas vezes...


E depois da festa,

Terás de volta

A menina

Que repousará suavemente a cabeça em teu peito

Sonhando verões contigo,

Sonhando manhãs celestiais!

Sonhando poeira rósea com seu poeta.....


sexta-feira, 13 de junho de 2008

CAMPOS


Cobertos campos visito agora

Cobertos por verdes gramados

Neles sinto a paz preeminente

A paz que vem após a tempestade

Do céu que descarregou sua violência,

Dos céus que despedaçaram em pedaços,

Quimeras que dominaram a terra.


Visito verdes pastos

Visito sozinha os campos que antes você vias comigo

Ando sobre a terra

Agora só minha terra

E nela planto o que quero colher adiante

E nela suo agora com quem quero

E nela argumento minhas idéias e meus ideais

E nela reino com minha ciência de ser mulher

Nela rio,choro,sofro,e planto.

E sou Eu!

E o céu são para anjos,

Para ti alado anjo,

E a terra é para mim, com meus audaciosos auspícios.


E a minha natureza delicada como a tua

Porém repleta de intensas emoções

Devastadoras como as que senti,

Arrasadoras como as que provoco,

Magníficas!

Como as paisagens que agora visito!





LUNA



Quando me vejo perdida andando em tuas pernas

Entorpecida com seu cheiro e seus pêlos

A sua masculinidade e o cheiro do seu sexo

Quando me vejo cavando em tuas roupas e procurando seu falo

Encontro-me com essências entorpecentes

E sou capaz te nos envolver numa nuvem mágica

Oriental, mística, surpreendente,

E te fazer viver comigo em contos árabes

Onde serei tua odalisca...

E aquele ser indefeso e pequeno, te faz sentir viril!


Ou te levar para danças flamencas e ser tua sedutora e fatal Carmem

Ou te levar para becos da lapa e ser sua pequena puta

Ou te levar para babilônia antiga em orgias sagradas

Onde nossas urgências sexuais chamais seriam pecados


Uma puta de vestido curto vermelho

Que você come sem cerimônia na rua, sem usar talheres,

Que devora com as mãos suadas e salivadas

Que deixa no mesmo canto

Mas sempre volta pra sentir seu lado mais animal, másculo.


Mas também posso me transformar numa deusa implacável,

Com muitos véus e faces,

Implacável e cruel,

Como só as deusas sabem ser!

E consumir toda sua energia vital,

De transformando num zumbi em minhas mãos,

Uma marionete!

Vingança!


Mas apenas ondas de paixão e amor, agora me cercam.

E nado num mar calmo e tranqüilo!

Onde descanso numa linda praia,

Sobre a areia branca e a lua cheia a me transformar!

Moral



Ai, essa minha moral!

Que nada aceita!
Que tudo rejeita!
Que tudo nega!
Tudo,
Atravessa!
Tudo contesta!
Onde pretende chegar?
Aos calabouços?
A inquisição?
Ao banditismo?
A execração?
A marginalidade?



Pretende chegar as transformações,
As mudanças de coisas velhas como a morte?
O que arde em mim?
O que me consome?
Porque minha revolta é tão grande?
Porque atropelo com meu corpo um trem,
Algo tão mais forte do que eu,
Que me esmaga todos os ossos, o crânio e minha cabeça



Porque só meu coração resiste nesta luta inglória?
Coração teimoso!
Que quer me ver como heroína,
Aquela que se come fria,
Depois de morta!



Eu sei o quanto
miserável sou,
O quanto sou nada!
E nunca voltarei a ser o que não sou mais!
E insisto em sonhar os mesmos sonhos,
Que tentam me matar!
Ou me arder em vida como fênix!
O que esses sonhos querem de mim?
Querem me eternizar entre estrelas?
Entre borboletas?
Entre letras?



Minha alma não se divide,
Porque meus sonhos só me levam pra um único caminho,
As estrelas,
As constelações,
As eternas brumas,
As ilhas por trás de brumas,
As ilhas do ouro,
Do ouro que brilhará eternamente,
Meu eterno sol dourado



terça-feira, 10 de junho de 2008

A Morte e o Mundo Moderno



Você já reparou como o homem moderno nega a morte de várias maneiras ? Querendo parecer jovem eternamente, esticando a adolescência por muitos anos, evitando crises reflexivas com prozac, não velando os mortos, etc...