domingo, 27 de julho de 2008

ENCONTRO



Moro numa floresta de pedras,
e som que ouço não é o o da mata e seus mistérios,
mas o som do asfalto com seus carros a rodar.
Modernidade!
Maldita!
Preferia ,sim, escutar o som da madeira a queimar num velho fogão de lenha...
O som dos meus pés no fundo do quintal entre as folhas secas do chão,
O gosto inesquecível, do café e do queijo curado,acompanhado de uma broa de fuba..


Saudade do pouco que tive dessa vida do interior,
Simples e suspensa no tempo,
Eternamente a brincar nas minhas fantasias de criança.
Choro com saudade de não ser mais criança,
e não poder ter em minhas lembranças,
o que daria uma vontade danada de voltar....


E dai sigo em frente,
como toda a gente que vive nas cidades,
e não pode parar pra sonhar, pra chorar, pra rir ou simplesmente não fazer nada!
Devem sempre estar fazendo alguma coisa,
Pois no fundo, nada há. Já não sabem ser, sabem apenas fazer ou ter.


É que as melhores e definitivas coisas da vida é necessário saber ser,
estar profundamente ciente, ao ponto de simplesmente se esquecer do que se é,
e ser , naturalmente,
espontaneamente,
como convém ao beija flor que beije as flores
ou a mim que te ame tanto
que me esqueço em ti, quando adormeço e sonho contigo,
numa eterna onda do que vem de ti e acaba vivendo em mim.


Sim,adormeço, e naturalmente esqueço de mim,
E me encontro quando olho-me em seu olhar que me sabe e me conhece.
Advinha ou reconhece como coisa antiga, o que encontra em mim,
como coisa sua,
pra sempre sua...
E é assim que sinto quando suas mãos passeiam sobre mim
e conectam com chão profundo do meu corpo, despertando aqueles que lá vivem
aqueles seres do meu mundo abissal,
que despontam e moram em mim em todas as vidas que já tive.
Eu caminho ao seu encontro, mesmo que isso seja, na verdade, um confronto,
com o que há em mim.

sábado, 26 de julho de 2008

ESTRELAS

Ao mestre, Fernando Pessoa, com carinho, por outro grande mestre, Paulo Autran, e essa eterna aprendiz:


Tenho dó das estrelas
Luzindo há tanto tempo,
Há tanto tempo.
Tenho dó delas.
Não haverá um cansaço
Das coisas,
De todas as coisas
Como das pernas ou de um braço?
Um cansaço de existir,
De ser,
Só de ser,
O ser triste brilhar ou sorrir.
Não haverá, enfim,
Para as coisas que são,
Não a morte, mas sim
Uma outra espécie de fim,
Ou uma grande razão -
Qualquer coisa assim
Como um perdão?

Fernando Pessoa



quarta-feira, 23 de julho de 2008

MARINHEIRO

Sonha saudosamente um marinheiro quando esta em alto mar,
com beijos que sua amada lhe deu ao sair para navegar.
Beijos cheios de ardor e medo,
de não mais vê-lo chegar.


Mas ele segue em frente,
pois o gosto da aventura é mais forte que o desejo de só amar,
aquele corpo e aquela alma, daquela dama,
que seu coração vive a clamar!


E ele sai a zarpar e a suspirar...
Galopa em seu navio,
a singrar nas águas do mar.
E sabe que não vai voltar,
pois o que ele quer,
é encontrar-se em solidão em alto mar!


Como as nuvens passageiras que seguem sua solidão,
ele reconhece que são tantos os enganos dessa vida,
que é melhor deixá-la á beira mar.
A esquecer um sonho impossível,
a se desfazer o invisível,
que parecia antes mais real,
do que o gosto salgado das águas do mar.


E mesmo com coração a chorar,
ele sabe que é melhor deixar,
tudo pra trás e zarpar,
e ser feliz em outro lugar,
do que vê-la esperar tudo,
que ele jamais poderá lhe dar.

terça-feira, 22 de julho de 2008

GREGORY "Narciso"

Hoje só há tristeza,
Calma e plácida sobre mim...
Como um lago que olho fixamente,
Como narciso se espelha num lago!


Só vejo uma tristeza imensa a me consumir,dia e noite!
E nem sua beleza me acende,
E nem seu entusiasmo me anima.


Apenas tenho vontade de mergulhar fundo neste lago,
Me emaranhar em plantas aquáticas,
Ter meus últimos pensamentos,
Ter meus últimos sentimentos,
E ser enfim, um corpo morto,
Sem vida,
Roxo!
Triste figura...


Enfim encontrar a tão desejada morte,
Por quem a tanto tempo chamo e grito,
E a quem não tive coragem de amá-la o suficiente,
Para abraçá-la com ardor,
Numa paixão fria,
E sem vida.






segunda-feira, 14 de julho de 2008

CANTO DELLA TERRA (MAIS QUE PERFEITO!)



Andrea Bocelli

Composição: Francesco Sartori / Lucio Quarantotto

Si lo so
Amore che io e te
Forse stiamo insieme
Solo qualche istante
Zitti stiamo
Ad ascoltare
Il cielo
Alla finestra
Questo mondo che
Si sveglia e la notte è
Già così lontana
Già lontana


Guarda questa terra che
Che gira insieme a noi
Anche quando è buio
Guarda questa terra che
Che gira anche per noi
A dorci un po'di sole, sole, sole


My love che sei l'amore mio
Sento la tua voce e ascolto il mare
Sembra davvero il tuo respiro
L'amore che mi dai
Questo amore che
Sta lì nascosto
In mezzo alle sue onde
A tutte le sue onde
Come una barca che


Guarda questa terra che
Che gira insieme a noi
Anche quando è buio
Guarda questa terra che
Che gira anche per noi
A dorci un po'di sole, sole, sole
Sole, sole, sole


Guarda questa terra che
Che gira insieme a noi
A darci un po'di sole
Mighty sun
Mighty sun
Mighty sun


Canto Della Terra (tradução)

Andrea Bocelli

Composição: F. Sartori / L. Quarantotto

Sim eu sei
amor que eu e você
talvez estamos juntos
somente por algum instante.
Mudos estamos
a escutar
o céu
da janela,
este mundo que
se desperta e a noite é
já assim distante,
já distante.
Olha esta terra que
que gira junto a nós
até quando está escuro.
Olha esta terra que
que gira também para nós
para nos dar um pouco de sol, sol, sol.


My love que és o meu amor
ouço a tua voz e escuto o mar,
parece deveras seu respiro,
o amor que você me dá
este amor que
está aí escondido
no meio das suas ondas
de todas as suas ondas
como uma barca que
olha esta terra que
que gira junto a nós
até quando está escuro.
Olha esta terra que
que gira também para nós
para nos dar um pouco de sol.
Sol!


Olha esta terra que
que gira junto a nós
para nos dar um pouco de sol.
Mighty sun
Mighty sun




sábado, 12 de julho de 2008

GREGORY E SEUS GRITOS INFERNAIS


Vivia entre livros mofados. entre mortiços e mofados pensamentos de antigos pensadores.
Não os renovava em sua cabeça,mas deixava que comessem seu cérebro como traças comem pensamentos em papéis deliciosos..., papéis para traças, deliciosas células nervosas para traças internas.

Era bárbaro! Incrível! Sinistro!

Um bárbaro de pensamentos mais que primitivos,mais que animalescos,mais que que monstruosos.
Pensamentos que nem o tempo destruiriam, e,afinal, arruinariam para sempre sua cabeça!
Sua mente que contia pensamentos geniais, maravilhosos,
que viam as estrelas em espaços mais distantes,
viam cosmos e naturezas perfeitas,
viam o dedo de Deus criando o universo cósmico.
Que seriam capazes de se tornarem a alma de Fernando Pessoa,
ao alma nos sons perfeitos dos violinos de Vivaldi,
a alma da visão de Deus em Handel,
visualizar o deslumbramento diante da perfeição nos campos pintados por Van Gogh.


E, de repente, simples besouros o arrastavam para o mais profundo de suas cavernas infernais,
cavernas de estalactites gigantescas, das eras geológicas,
cavernas do centro do infernos bacanais e devoradores,
onde se auto-flagelava,
até o sangue ser a menor dor,
e os gritos alucinantes da ponte de Munch serem seu espelho.

Mas quanta sensibilidade inútil!
Quanta viagem ao centro da alma, sem criação, sem arte!
Apenas êxtase interno momentâneo,
e na maioria das vezes,
a versão do inferno,
o poço sem fundo e sem garras para subir da escuridão total,
o medo dilacerante,
O TIRO NA CABEÇA!