sábado, 16 de janeiro de 2010

DO AMOR QUE SINTO



Há tantos dias vasculho minha alma sem respostas
Há tantos dias procuro você: Onde você está?
Há tantos dias você a meu lado e não me vias.
Hoje sentada em frente ao espelho perguntei: Ele me ama?
E o espelho respondeu: Fique em silêncio e escute o coração dele batendo.
Sim, eu procuro ouvir seu coração. Antes batia acelerado descompassado de emoção.  Hoje bate calmamente.
Acalme-se!, respondeu o espelho.
Hoje, reli um poema que ele me fez: "Um beijo nos seus lábios angelicais, e outro nos seus lábios infernais".
Não é mais o amante que vivia grafitando poemas nas minhas pernas.
Me sinto só, amando um sonho!

domingo, 3 de janeiro de 2010

DEVIA MORRER-SE DE OUTRA MANEIRA


Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica
a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje
às 9 horas. Traje de passeio".
E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos
escuros, olhos de lua de cerimônia, viríamos todos assistir
a despedida.
Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes...
primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos...
a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
em fumo... tão leve... tão sutil... tão pòlen...
como aquela nuvem além vêem? — nesta tarde de outono
ainda tocada por um vento de lábios azuis...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

QUANDO EU ESTIVER COM AS RAÍZES


Quando eu estiver com as raízes
chama-me com tua voz.
Irá parecer-me que entra
a tremer a luz do sol.