sábado, 20 de março de 2010

TERROR DE AMAR

Sophia de Mello Breyner Andresen



Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa


quinta-feira, 18 de março de 2010

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO

Carlos Drummond de AndradE

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
 
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

terça-feira, 16 de março de 2010

O POETA PEDE A SEU AMOR QUE LHE ESCREVA

Garcia Lorca

Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.

Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de mordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.

AS MULHERES NO ATEÍSMO



Eu sou uma mulher também extremamente emotiva e sensível, além de ser extremamente questionadora,reflexiva, filosófica e poética. A minha grande necessidade de questionar e racionalizar sobre a vida, a sociedade, o ser humano, o universo, a morte, o amor, a intolerância, a verdadeira solidariedade, a sexualidade, o domínio dos homens sobre as mulheres, a origem do universo, a robótica, os avanços tecnológicos, a destruição do meio ambiente, a internet como meio revolucionário de comunicação comparável a invenção da impressa no seculo XV ,o direito ao aborto, entre tantas outras  e infinitas questões, não me impedem de ser poética, feminina, sensível, intensa e extremamente emotiva.
ASSUMO COM TODAS AS LETRAS, COM GRANDE CONVICÇÃO E CORAGEM:"SOU UMA ATEIA DE CARTEIRINHA"

ATEÌSMO

Sou ateia e meu pai morreu esta semana. Fiquei muito triste e chorei muito,pela saudade e falta que irá me fazer. Um parente teísta chegou perto de mim, e de forma totalmente desrespeitosa, fez a seguinte afirmativa :"PORQUE VOCÊ ESTÁ CHORANDO SE VOCÊ NÃO ACREDITA EM DEUS E nem VIDA APÓS A MORTE?" Notem o tamanho da ofensa e da total falta de tolerância com as explicações que nós ateus damos as mesmas questões sobre a vida e sobre a morte, ao ponto, de nos colocarem quase sem capacidade de amar os outros. É devido a INTOLERÂNCIA para com o outro , o diferente, que ao longo de toda a história humana, EM NOME DE DEUS, se matou milhões de pessoas, por simplesmente acreditarem ,serem e defenderem ideias diferentes. Neste início do século XXI, percebemos que o SER HUMANO aprendeu muito pouco sobre algo fundamental e nobre: A TOLERÂNCIA. 



Uma atéia de bom humor disse...
Perséfone. Lamento profundamente a tua perda, eu também perdi o meu pai há um ano e sei como se sente. O amor que sentimos pelas pessoas talvez seja até maior pelo fato de sabermos que não há outra vida. A falta que nos fazem dói muito, e lamento muito a falta de respeito que tiveram com você. Abraço solidário. Åsa

segunda-feira, 15 de março de 2010

E EU GOSTO TANTO DELA QUE NEM SEI COMO A DESEJAR

 Fernando Pessoa

E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

segunda-feira, 1 de março de 2010

MADRIGAIS

Olho pra ti e vejo tantos caminhos
caminhos que seus pés percorreu
e caminhos que sua mente infinitamente percorre em labirintos com seu fio de Ariadne
não se cansa como um andarilho que caminha ao seu sonhado e cênico Caminho de Santiago.
Sua mente me fascina
e as marcas do seu tempo de trazem cicatrizes onde passaria o com meus beijos um bálsamo
e aliviariam a dor de um aventureiro
que só procura um porto seguro
 pra repousar sua cabeça e sonhar com lugares madrigais.