sábado, 12 de julho de 2008

GREGORY E SEUS GRITOS INFERNAIS


Vivia entre livros mofados. entre mortiços e mofados pensamentos de antigos pensadores.
Não os renovava em sua cabeça,mas deixava que comessem seu cérebro como traças comem pensamentos em papéis deliciosos..., papéis para traças, deliciosas células nervosas para traças internas.

Era bárbaro! Incrível! Sinistro!

Um bárbaro de pensamentos mais que primitivos,mais que animalescos,mais que que monstruosos.
Pensamentos que nem o tempo destruiriam, e,afinal, arruinariam para sempre sua cabeça!
Sua mente que contia pensamentos geniais, maravilhosos,
que viam as estrelas em espaços mais distantes,
viam cosmos e naturezas perfeitas,
viam o dedo de Deus criando o universo cósmico.
Que seriam capazes de se tornarem a alma de Fernando Pessoa,
ao alma nos sons perfeitos dos violinos de Vivaldi,
a alma da visão de Deus em Handel,
visualizar o deslumbramento diante da perfeição nos campos pintados por Van Gogh.


E, de repente, simples besouros o arrastavam para o mais profundo de suas cavernas infernais,
cavernas de estalactites gigantescas, das eras geológicas,
cavernas do centro do infernos bacanais e devoradores,
onde se auto-flagelava,
até o sangue ser a menor dor,
e os gritos alucinantes da ponte de Munch serem seu espelho.

Mas quanta sensibilidade inútil!
Quanta viagem ao centro da alma, sem criação, sem arte!
Apenas êxtase interno momentâneo,
e na maioria das vezes,
a versão do inferno,
o poço sem fundo e sem garras para subir da escuridão total,
o medo dilacerante,
O TIRO NA CABEÇA!




Um comentário:

Diogo Melo disse...

Ah... a montanha-russa celestial que a alta sensibilidade proporciona... o delicioso banquete de traças que neurônios arranjados de determinada forma se torna... o imenso sentimento de solidão que o ato de se desconectar nos trás...

Anomalias, uni-vos ! ;)

obs.: Mais uma maravilhosa peça literária que Ló Salomé deixa para a posteridade. Aguardo ansiosamente a próxima. =)